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17 fevereiro 2013

domingo.

                                                                                                             what light? - cambriana

"levantou na estranha velha hora, encantou-se. beijou a mãe e a cobriu com o manto de proteção, encantou-se. se fartou com um pão e um copo de café quente casado com leite frio, encantou-se. entre mordidas e gestos ancorado na bancada da cozinha com as pernas laçadas observou o grande cão desajeitado correr no quintal, encantou-se. sentou, navegou, ouviu os passos lentos d'outro lado da janela, então assim pelo poema dito, encantou-se. amansou a gata branca cheia de vida e arisca, perdurou por infinitos minutos a brincar de caça e caçador, findou por ficar cansado de ter as mãos ardidas e arranhadas, encantou-se. percebeu o desafio de correr banhado do sol a pino na cidade bucólica, foi, digladiou com as pernas nos dois quilômetros finais, venceu, encantou-se. lavado pelo suor derretido sobre a pele, encantou-se. na barra da praça o próximo encanto, dessa vez em três doses de dez. abraçou a irmã mais por diversão que por amor, encantou-se. se banhou, encantou-se. ensaiou notas singelas no violão com letras curtas, encantou-se. no céu azul arquitetou um coração de nuvem, encantou-se. parou nos cabelos curtos e claros de seu amor difícil na fotografia, encantou-se. com o fato de ter gasto cinco e noventa e cinco com o sanduíche vegetariano, encantou-se. pelo filme cômico e clichê, encantou-se. nas musicas daquela banda nova ouviu a salvação, encantou-se. no papo sobre illuminatis e maçons do fim de noite na roda aprendeu um pouco mais, encantou-se. no portão de casa parou e pensou no dia, sorriu discreto, então encantou-se mais uma vez."

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